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Cães serão treinados pelo bope e usarão câmeras e coletes

Cães serão treinados pelo bope e usarão câmeras e coletes

Ela não veste farda preta, não usa caveira no peito e não utiliza fuzil. Brita, no entanto, é uma policial de elite que auxilia no combate ao crime no Rio de Janeiro. Ela é uma cadela de 6 anos de idade, da raça pastor belga, integrante da tropa canina da Polícia Militar do Rio, unidade que no ano passado ajudou a encontrar 3 toneladas de armamento e drogas em operações nos morros cariocas. Essa matilha policial, que está sendo preparada para trabalhar na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, passará a ser treinada pelo Bope e atuará com coletes à prova de balas e câmeras de segurança.

Junto com Brita, a PM tem um efetivo de 70 cães. Esse número deverá crescer até os jogos. Já existem 11 filhotes em testes para serem incorporados. Segundo o major Vitor Valle, sub-comandante da companhia de Cães da Policia Militar, o projeto já está aprovado, mas ainda não há previsão de licitação. É preciso que o produto seja especificado antes. Alguns foram testados na missão de paz do Haiti, mas não agradaram. "É preciso um material de qualidade. Se for muito pesado, tira a mobilidade do cão. Se for leve demais, pode não segurar a bala", explica o oficial. De acordo com o major, nenhuma empresa nacional fabrica o colete ainda. "É preciso alguém que desenvolva. Vai ter mercado para o Brasil todo", afirma.

Os cães a serem equipados com coletes são aqueles empregados em ações táticas. De acordo com o major Vitor, é o Bope quem demanda o maior número de serviços de quatro patas. A PM do Rio, que realiza intercâmbio de conhecimento com policiais dos Estados Unidos, França e Colômbia, é pioneira em técnicas para utilização de cães em situações de sequestro. Além de colaborar para a intimidação, o animal é treinado para fazer o desarme e imobilizar o agressor. Os cães do Rio, segundo Vitor, são treinados para diferenciar a vítima do sequestrador.

Já a aquisição de câmeras depende do investimento em outros equipamentos, como unidades móveis equipadas com antenas para a transmissão das imagens ao vivo. Segundo o major Vitor, as câmeras vão ajudar os cães a verificar suspeitas de bombas e são vitais para o policiamento antiterrorismo a ser empregado nas Olimpíadas.

Treinamento

Nem todos são farejadores como Brita. Alguns são treinados para policiamento de choque, como guardas em estádios de futebol, outros são destinados à Defesa Civil, para buscas de sobreviventes em deslizamentos, por exemplo. Outro grupo é responsável por ações táticas, atuando em situações de crise, como sequestro e ameaças terroristas.

Mesmo aqueles usados para atacar têm treinamento para controlar sua agressividade. Conan, um rottweiler musculoso e imponente de dois anos e sete meses de idade, é um exemplo. Ele crava os dentes com força na roupa utilizada pelo sargento Lupércio de Jesus. O derruba e imobiliza. Segundos depois, calmo, ele aceita os afagos do agressor como se fosse um cachorro de estimação bonachão e simpático.

O major Valle explica que não é fácil chegar no patamar de Brita e Conan. Primeiro, eles passam por uma grande peneira. Fatores como raça - hoje em dia a unidade prioriza o pastor belga de Malinois e o pastor holandês - personalidade, capacidade física, nível de agressividade, sociabilidade e fobias contam. O cachorro não pode ter medo de altura, não pode ter fobia de tiros e explosões. "Se ele sofre de um determinado trauma, até é possível recuperar, mas normalmente não perdemos tempo com isso. Queremos os melhores dos melhores", afirma.

Habilidades

Depois da fase de seleção, eles passam por treinamento básico, no qual suas habilidades são identificadas e o animal passa a ganhar um ofício. Assim como os policiais da corporação, os cães têm uma carga de treinamento físico. "Eles devem ser capazes de acompanhar o pique de um policial em uma missão", explica o major. Todo o treinamento dura em média oito meses, mas o tempo varia bastante de cão para cão e também depende da função específica que ele vai exercer. Após o treinamento, eles recebem um certificado.

A PM do Rio treina os animais para serem utilizados por diferentes policiais. Eles não trabalham mais com parceiros fixos, como ocorria antigamente. A ideia é que estejam preparados para atuar sob o comando de qualquer policial treinado para utilizá-lo. "Policiais tiram férias, ficam doentes, saem de licença. Devem ser preparados para atuar separadamente", diz o major.

Normalmente, o cão PM se aposenta com oito anos de vida. Eles passam por um arrefecimento gradual para não ficarem deprimidos após o fim das suas atividades. A apólice de previdência do cão inclui doação. Normalmente o animal adestrado é aceito para curtir a aposentadoria com um novo dono, que, por regra, não sabe das atividades exercidas na polícia.

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